Neste artigo, Martin Wolf discute a urgência do combate à questão climática e defende que não haja brechas para adiamentos. Ele destaca que a meta de limitar o aumento das temperaturas acima dos níveis pré-industriais ao +1,5°C recomendado deixou de ser realista. Segundo o autor, a Comissão de Transições Energéticas apresenta um quadro preocupante: até 2030, as emissões anuais de CO2 têm de ser 22 giga toneladas inferiores às “habituais”, mas apenas 40% desse déficit está coberto por compromissos (mesmo duvidosos). Além disso, os avanços no sentido de assumir novos compromissos de emissões líquidas zero e torná-los lei desacelerou e as prováveis emissões acumuladas de China, Índia e dos países de alta renda durante o próximo meio século mais do que esgotarão o orçamento de carbono global restante, o que tornará inescapável a retirada de carbono em grande escala. Wolf explicita que os países emergentes e em desenvolvimento, com exceção da China, precisarão gastar cerca de 4,1% do PIB em uma estratégia de “grande arrancada” de investimentos em infraestrutura sustentável até 2025, e depois de 6,5% do PIB em 2030, em relação aos 2,2% de 2019. Em suma, para se obter a transformação necessária nos países emergentes e em desenvolvimento é preciso uma aceleração dos investimentos, uma escalada paralela do financiamento privado externo, um papel reformulado e ampliado dos bancos multilaterais de desenvolvimento, a duplicação do financiamento em condições favorecidas concedido por países de alta renda até 2025 (em relação aos níveis de 2019) e maneiras criativas de gerenciar os problemas de endividamento dos países em desenvolvimento. É necessário ainda uma grande movimentação de parcerias público-privadas.
Valor Econômico – Martin Wolf (editor e principal analista de economia do Financial Times)
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https://valor.globo.com/opiniao/coluna/adiar-so-amplia-urgencia-da-acao-climatica.ghtml
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