O relatório Climate Resilience for Energy Security fornece uma visão abrangente, detalhada e científica das relações entre as tendências e impactos de cenários climáticos para a segurança energética. Com base nos resultados da avaliação, são apresentadas medidas para aumentar a resiliência climática, com análises de custo-benefício que provam que os investimentos em resiliência climática trazem benefícios de longo prazo. De acordo com a maioria dos cenários traçados, as perturbações causadas pelas mudanças climáticas provavelmente aumentarão em magnitude nas próximas décadas colocando desafios para a resiliência dos sistemas de energia em todo o mundo, aumentando as incertezas quanto ao fornecimento confiável de energia, combustíveis e recursos, e a probabilidade de interrupções causadas pelo clima. Por exemplo, em 2022 o setor energético já sofreu impactos e interrupções devido às mudanças climáticas: ondas de calor na Europa elevaram os preços da eletricidade a um nível recorde; o furacão Ian, de categoria 4, destruiu redes elétricas nos Estados Unidos e em Cuba; enchentes causadas por chuvas recordes de monções no Paquistão danificaram usinas elétricas e gasodutos; e, secas severas no Chile e inundações na África do Sul interromperam o fornecimento global de cobre e cobalto, minerais essenciais para os sistemas de energia.
Nesse contexto, o relatório evidencia um preocupante cenário para o setor energético devido aos efeitos da crise climática. Destaca-se a grande exposição das refinarias de combustíveis fósseis, com cerca de 25% delas expostas a ciclones destrutivos e um terço ameaçadas pelo aumento do nível do mar e tempestades. O relatório prevê grande impacto no fornecimento de minerais críticos devido a períodos mais secos em certas partes e aumento de precipitação em outros lugares. Além disso, estima-se que quase 80% das usinas a carvão, 65% das usinas nucleares e cerca de 50% das usinas a gás e a petróleo estão situadas em áreas que terão um aumento de mais de 10% na precipitação máxima diária em 2080-2100 em todos os cenários climáticos, em comparação com 1850-1900. E, que a água de resfriamento, limitada ou quente devido a secas e ondas de calor, pode reduzir a geração de usinas termelétricas que usam sistemas de resfriamento úmido e interromper a produção de usinas nucleares. Impactos também são previstos nas fontes de energias renováveis, com diminuição da produção solar fotovoltaica e eólica devido às altas temperaturas e maior variabilidade na geração hidrelétrica – dois terços das usinas hidrelétricas irão observar um aumento notável na precipitação máxima de um dia, enquanto aproximadamente 6-20% das usinas experimentarão mais dez dias secos consecutivos em 2080-2100, em comparação com 1850-1900. O relatório também evidencia impactos nas redes globais de eletricidade com exposição a incêndios, ciclones e tempestades tropicais mais intensas, que podem danificar linhas de transmissão e distribuição, postes e transformadores.
International Energy Agency (IEA)
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