Este excelente artigo destaca as catástrofes climáticas que estão ocorreram no Paquistão em decorrência das más condutas dos países mais poluidores do mundo e coloca em pauta a necessidade de justiça climática. Explicita-se inicialmente que, mundialmente, 2022 foi um ano cheio de secas, inundações, mega incêndios, tufões, entre outros. O Paquistão foi um dos países mais impactados nesse cenário, com chuvas torrenciais de monções quase 190% acima da média de 30 anos. Ademais, extraordinárias inundações submergiram um terço do país e mataram pelo menos 1.400 pessoas. O prejuízo das inundações para o Paquistão será de mais de US$ 30 bilhões e os próximos meses trarão aumento da fome, doenças, pobreza e gigantescos custos de reconstrução. Sob os atuais acordos globais, a responsabilidade financeira recai quase totalmente sobre o Paquistão.
Por outro lado, entre 1850 e 2020, a queima de combustíveis fósseis resultou em emissões acumuladas de 1,69 trilhão de toneladas de CO2. Desse total, os EUA respondem por cerca de 24,6% (417 bilhões de toneladas). Juntos, os países de alta renda respondem por cerca de 58,7% dessas emissões. Já o Paquistão contribuiu com cerca de 5,2 bilhões de toneladas de CO2 nesse período, ou seja, basicamente o que os EUA emitem por ano. Portanto, sua parcela de responsabilidade histórica é de 0,3%, muito abaixo da parcela da sua população na população global (2,9%). Em suma, essas constatações mostram a necessidade de uma alternativa que leve em conta as respectivas contribuições danosas dos países para as mudanças climáticas, com os países ricos arcando proporcionalmente com sua.
Valor Econômico – Jeffrey D. Sachs (professor da Universidade de Colúmbia é Diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia e da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da ONU).
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https://valor.globo.com/opiniao/coluna/paquistao-e-a-luta-por-justica-climatica.ghtml
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