O excelente artigo The State Is Taking Back Energy discute a tendência recente de aumento da intervenção governamental no setor energético europeu. Segundo o autor, o que motiva essa tendência é algo pragmático e não ideológico. Para Butler, nas últimas décadas a lógica de funcionamento dos mercados foi deixada a cargo de empresas privadas sujeitas a uma regulamentação limitada. E operando nessa lógica, tais mercados tornaram-se incapazes de reverter dois problemas cruciais: a crise climática e a forte alta de preços vista recentemente. Exposto o argumento central, Butler passa a mostrar as variadas formas que as intervenções do Estado têm assumido em países como Alemanha, Grã-Bretanha, Estados Unidos e França. Nesse ponto ele alerta que, apesar da tendência de maior participação estatal estar bem estabelecida, ela tem se mostrado uma resposta parcial e de curto prazo aos desafios fundamentais, faltando consenso sobre a forma da política energética de longo prazo. O autor ainda aponta que o mais provável é que essa tendência de maior participação do Estado se reforce no futuro próximo à medida que novos gaps de políticas públicas (como financiamentos e investimentos) fiquem mais evidentes. Por fim, Butler ressalta que a tarefa de garantir energia de forma segura, contínua e a preços acessíveis é demasiado importante para ser deixada apenas ao mercado e complexa demais para ser assumida apenas por ministros e burocratas. Já que nem a esfera privada e nem a esfera pública, sozinhas, são capazes de resolver os problemas, a saída está no envolvimento necessário de ambas. “A lógica aponta para arranjos cooperativos em que os governos estabelecem objetivos e padrões de energia, e as empresas do setor privado competem para desempenhar um papel no cumprimento das metas gerais.”
Project Syndicate – Nick Butler (Professor visitante na King’s College London)
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