Somente em 2021 e nos primeiros seis meses de 2022, a Petrobras distribuiu R$ 237,6 bilhões em dividendos, valor superior ao lucro líquido acumulado no mesmo período, de R$ 205,9 bilhões. Dada essa constatação inicial, o artigo questiona esse alto valor distribuído aos acionistas e defende que a estratégia de expansão de dividendos, juntamente com a diminuição do patrimônio da companhia, deixa muitas dúvidas sobre a sua capacidade de resiliência nos próximos anos. Relata-se que desde 2018, o Conselho de Administração da Petrobras iniciou um movimento para alterar o Estatuto Social da empresa visando propor novas regras de remuneração dos acionistas. A primeira mudança aconteceu em 28 de agosto de 2019, a segunda foi implementada em outubro de 2020 e a terceira, em novembro de 2021. O conjunto das mudanças assegurou um valor mínimo de pagamento anual se a empresa mantiver níveis baixos de endividamento e garantiu novos mecanismos para aumentar o pagamento de dividendos para além daqueles parâmetros determinados pelo Estatuto Social da Petrobras. Revela-se ainda que, para inflar os dividendos, o volume de investimentos praticados pela empresa se reduziu a um dos seus menores níveis nos últimos 20 anos e que estão sendo feitas constantes vendas de ativos lucrativos e estratégicos.
Valor Econômico – Henrique Jäge (pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep)) e Rodrigo Leão (coordenador técnico do Ineep).
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