Muito rico em dados e gráficos, o artigo discute principalmente como o perfil recente de expansão da matriz elétrica brasileira e as formas de indexação de contratos acendem um sinal de alerta máximo para o consumidor nos próximos anos. Inicialmente o autor evidencia a importância dos energéticos (que responderam por 55% da inflação medida pelo IPCA em 2021) na aceleração inflacionária recente. Em seguida, discorre sobre a crescente participação das termelétricas no setor elétrico brasileiro, principalmente durante a crise hídrica em 2021, e a alta das tarifas de eletricidade. Nesse contexto, comenta também a importação de GNL e a escolha deste combustível como fonte de flexibilidade no Brasil, ressaltando que o energético garante o suprimento em situações emergenciais, mas não evita sobressaltos e enseja custos cada vez mais significativos. A partir daí o autor passa a discutir a indexação dos contratos, apontando que a utilização do JKM como indexador do GNL, é temerária e negativa para os consumidores dado que este indicador é extremamente volátil. Por fim, o autor afirma que a contratação no ambiente regulado pende para ampliação da participação de termelétricas, sobretudo a gás natural, movidas principalmente a GNL importado e com indexação ao JKM, internalizando riscos e custos elevados na geração complementar a hidroeletricidade no país. A principal conclusão é que o país pode atravessar ciclos de elevação tarifária nesta década, indo na contramão da tendência de redução de custo das fontes renováveis.
Ensaio Energético – Diogo Lisbona Romeiro (pesquisador no Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura – FGV CERI)
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