Esse artigo discute dois paradoxos trazidos pela transição energética no Brasil. Para o autor, um deles deve ser estimulado e o outro combatido, mas ambos por meio de mudanças em políticas públicas e por melhor coordenação entre estado e empresas. O primeiro paradoxo diz respeito a duas vantagens aparentemente antagônicas dos nossos recursos energéticos: de um lado, a elevada participação das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira e, de outro, a qualidade das reservas petrolíferas brasileiras, que permitem uma produção com custos e emissões mais baixos se comparados às reservas de outros países. Para o autor, por mais paradoxal que pareça à primeira vista, no nosso caso, essa combinação torna acertada a decisão de estimular, simultaneamente, um maior aumento das renováveis e da produção de petróleo e combustíveis no Brasil, com aumentos expressivos da fração a ser exportada. Sendo nosso petróleo menos nocivo em termos ambientais que o geralmente encontrado no mundo, não haveria porque o país abrir mão dessa riqueza e, simultaneamente, ajudar o mundo na redução das emissões. O segundo paradoxo seria o da “Abundância”, que se apoia na constatação de que países com abundância de recursos naturais geralmente apresentam taxas de crescimento inferiores às de países com escassez destes recursos. A respeito deste último paradoxo, o autor faz ressalvas e destaca que a verdadeira causa do atraso dos países exportadores de petróleo reside na excessiva concentração da economia sem que haja concomitante desenvolvimento industrial, e não na mera exploração destes recursos. Assim, seria essencial desenvolver e acumular as competências necessárias ao desenvolvimento industrial e de novas tecnologias em vez de se apoiar meramente nas competências existentes para usar essas tecnologias.
Brasil Energia – Telmo Ghiorzi (secretário-executivo da ABESPetro)
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