Apoiando-se em análises de diversos especialistas do setor, essa reportagem especial traz uma discussão aprofundada da crise hídrica, de seus aspectos de curto e longo prazo, bem como dos diversos impactos que essa crise tem gerado no sistema elétrico brasileiro. Sobre os aspectos de curto prazo, a reportagem analisa a situação passada e prospectiva e aponta que, acumulados dez anos de baixas afluências, a situação crítica de armazenamento indica a manutenção da bandeira vermelha até 2022 e expressivo aumento do encargo de segurança do sistema (ESS-SE) − que pode atingir R$ 20 bilhões este ano, segundo estimativas da PSR. No que se refere à segurança de suprimento, porém, os especialistas mostram otimismo, enfatizando que a flexibilidade das condições operativas e uso das águas anunciada pelas autoridades devem evitar o racionamento esse ano. A maioria das fontes ouvidas também entende que o setor opera com uma folga estrutural, não só pela maior oferta de outras fontes e previsão de adição de 5 GW de potência ainda em 2021, mas também pelo fraco crescimento do consumo desde 2015. Quanto ao aspecto mais estrutural da crise, há preocupações com o viés otimista do modelo de vazões, que já não reflete a realidade operativa do sistema em função do “novo normal” das condições hidrológicas. Por fim, são trazidas para a discussão alternativas que podem auxiliar no equacionamento do aspecto estrutural da crise. Dentre tais alternativas, os especialistas citam o desenvolvimento de soluções híbridas e uso das hidrelétricas reversíveis como estratégias para enfrentar o problema crônico da baixa capacidade de armazenamento do sistema.
Canal Energia– Henrique Faerman (da Agência Canal Energia)
https://canalenergia.com.br/especiais/53171925/crise-hidrica-deve-manter-bandeira-vermelha-ate-2022