O artigo, publicado originalmente no Project Syndicate, enfatiza que a atual crise energética mundial já é tão grave quanto a crise do petróleo nos anos 1970, e que, potencialmente, ela pode se tornar ainda pior. Diferentemente dos anos 70, onde apenas o petróleo estava envolvido numa crise, atualmente os desarranjos atingem também o gás natural, o carvão e o combustível nuclear. Ademais, hoje as cadeias de produção são mais integradas mundialmente. Assim sendo, além de aumentar a inflação e prejudicar o crescimento, a atual crise está fragmentando um mercado que antes era global. Isso sem falar da simultânea crise geopolítica resultante da Guerra Rússia-Ucrânia, que está exacerbando as rivalidades entre as grandes potências mundiais. Dado esse contexto, o autor cita cinco fatores que podem tornar a crise ainda pior. Eles dizem respeito às incertezas em torno do suprimento de gás russo para a Europa, às dificuldades de aumento da produção de petróleo no Irã e na Arábia Saudita, à possibilidade de aumento da demanda chinesa por petróleo e às complexas interconexões regionais e pequena capacidade ociosa hoje existente na área de refino. Ao final, o autor afirma: “os próximos seis meses serão cruciais, colocando à prova os europeus e como eles conseguirão manobrar para atravessar o próximo inverno. A Europa precisará queimar mais carvão, uma decisão ‘amarga’(…) Nos difíceis meses que se aproximam, haverá necessidade de maior colaboração na comunicação entre os governos e as empresas que gerenciam os fluxos de energia dos quais as economias modernas dependem.”
Valor Econômico – Daniel Yergin (vice-presidente da S&P Global)
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https://valor.globo.com/opiniao/coluna/crise-de-energia-se-aprofundara.ghtml