As energias renováveis têm sido incentivadas para enfrentar as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável, levando a mudanças estruturais nas matrizes energéticas nacionais. O Brasil está atingindo um mix de energia renovável/não renovável de 50/50. No entanto, a grande variabilidade na intensidade das emissões entre as fontes renováveis levanta questões sobre a eficácia das mudanças estruturais para os ODS. O presente estudo visa identificar perfis tipológicos (TPs) de mudanças estruturais na energia setorial e pegada de carbono e suas contribuições para o desenvolvimento sustentável. A partir de um modelo de insumo-produto ecológico, foi calculada a pegada energética e de carbono setorial para 2000, 2005, 2010 e 2015. O método acrescenta novidade ao criar tipologias de mudanças estruturais confrontando renováveis x não renováveis e principalmente renováveis x renováveis. Quatro TPs de mudança estrutural foram encontrados. TP-I e TP-II tenderam a aumentar a participação relativa de energias renováveis em sua pegada energética, opondo-se a TP-III e TP-IV. Uma polêmica surgiu contrastando TP-I e TP-II, uma vez que ambos aumentaram o consumo de energia renovável. O TP-I diminuiu as emissões renováveis enquanto o TP-II as aumentou. A explicação está na intensidade das emissões das fontes de energia. Enquanto os setores TP-I tenderam a aumentar o consumo de energias renováveis com baixa intensidade de emissões, como a eletricidade, os setores TP-II aumentaram o consumo de energias renováveis cuja intensidade bruta de emissões pode ser ainda maior do que as não renováveis. Portanto, a simples substituição de fontes não renováveis por fontes renováveis pode não ser suficiente. As mudanças estruturais sustentáveis de longo prazo precisam ser planejadas com base em fontes renováveis com a menor intensidade líquida de emissões e maior capacidade de renovação.
Renewable and Sustainable Energy Reviews, Vol. 168 – G.Allegretti; M.A.Montoya; L.A.S.Bertussi; E.Talamini
Link de acesso:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1364032122007420
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