No que se refere aos trabalhos divulgados no primeiro período de novembro de 2022, selecionamos e acrescentamos agora ao nosso acervo digital 21 novas publicações, sendo 7 trabalhos na categoria Agências, 4 artigos de Consultorias e 8 novas publicações na categoria Artigos Autorais. Quanto aos Artigos Acadêmicos, agregamos 2 novos trabalhos.
Dentre as principais fontes e autores que acompanhamos regularmente, selecionamos neste período, para a categoria Agências, novos estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês), da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Para a categoria de Artigos Autorais, mais uma vez estamos trazendo ótimos artigos de autores e instituições de grande influência que analisam os temas da energia no Brasil e no mundo. Nesta edição número 45, selecionamos textos de Clarice Ferraz (diretora do Instituto Ilumina, que discute a tendência de elevação das tarifas no setor elétrico brasileiro), de Mariana Mazzucato (professora de economia da UCL, que analisa qual deve ser o papel do estado na transição energética) e de Martin Wolf (editor de economia do Financial Times, que analisa a tendência das emissões e dos investimentos necessários para a transição e destaca a necessidade de mudarmos o discurso sobre a meta inalcançável +1,5º C). Ainda nesta categoria, também recolhemos para nosso acervo alguns textos de autoria conjunta. O primeiro é de Fernanda Feil (pesquisadora do Finde), Carmen Feijó (professora da UFF) e Carlos Henrique Horn (professor da UFRGS), que defendem a necessidade de uma ampla reestruturação financeira para levar adiante a transição verde. O segundo é de Lorrane Câmara, Maurício Moszkowicz, Nelson Hubner e Lillian Monteath (pesquisadores do Gesel), que debatem o final da vida útil de ativos de transmissão no setor elétrico brasileiro e os desafios regulatórios envolvidos. Por fim, o terceiro é de Nivalde de Castro (professor da UFRJ e coordenador do Gesel) e Francesco Tommaso (CEO da consultoria Executamos), que discutem as perspectivas e os desafios tecnológicos e regulatórios dos 3Ds, enfatizando o papel futuro das distribuidoras de energia elétrica.
Ainda na categoria de Artigos Autorais, selecionamos duas reportagens especiais que trazem as visões de importantes agentes. Na primeira, Henrique Faerman (repórter CanalEnergia) reúne uma série de especialistas e executivos, como Nivalde de Castro (Gesel), Edvaldo Santana (Neal), Hugo Albuquerque (Orieon-E), Anton Schwyter (Idec), Marcos Madureira (Abradee), Alexandre Becker (Ludfor energia), Mário Miranda (Abrate) e Flávio Neiva (Abrage) para discutir as perspectivas do setor elétrico brasileiro no novo governo Lula. Na segunda, Mauricio Godoi (colunista CanalEnergia) aborda os entraves e as possibilidades que as redes 5G e a modernização de redes inteligentes oferecem ao setor elétrico brasileiro. Para tanto, são apresentados os pontos de vista de Roberto Brandão (Gesel-UFRJ), Ângela Gomes (PSR), Luciano Carstens (Lactec), Alexandre Giarola (Motorola Solutions) e Ricardo Leite (Neoenergia).
Por fim, para a categoria Artigos Acadêmicos, recolhemos novas publicações das revistas Renewable and Sustainable Energy Reviews e Renewable Energy.
Da totalidade de trabalhos selecionados, decidiu-se por dar destaque principal a quatro publicações, sendo três da categoria Artigos Autorais e uma da categoria Agências.
A primeira delas é Governo e setor elétrico em transição, de Henrique Faerman (repórter CanalEnergia). A reportagem especial reúne uma série de atores para discutir as perspectivas para o setor elétrico no novo governo Lula, evidenciando pautas como renovação de concessões, abertura do mercado livre, prioridade de acesso à transmissão, geração distribuída, desoneração tarifária, expansão da oferta e a própria agenda de modernização, já discutida há anos. São expostos os pontos de vista de Nivalde de Castro, do Gesel; Edvaldo Santana, da Neal; Hugo Albuquerque, da Orieon-E; Anton Schwyter, do Idec; Marcos Madureira, da Abradee; Alexandre Becker, da Ludfor energia; Mário Miranda, da Abrate; e Flávio Neiva, da Abrage.
O segundo destaque geral é o artigo O lado B dos dados positivos do ONS, de Clarice Ferraz (diretora do Instituto Ilumina). Esse excelente artigo de opinião mostra que por trás do cenário de tranquilidade de atendimento da demanda de eletricidade, o setor elétrico brasileiro continua em crise quando observamos as escolhas que foram feitas para nossa matriz elétrica, o comportamento das tarifas e sua tendência. Ferraz afirma que mesmo com os aumentos médios de dois dígitos da tarifa de eletricidade em 2022, a partir de 2023, além da pressão inflacionária provocada pela geração termelétrica (cuja participação aumentou), a tarifa de eletricidade também será impactada pelos empréstimos bancários feitos recentemente, pelos efeitos da descotização da eletricidade barata da Eletrobras, pelos “jabutis” associados à sua privatização e pelo aumento da CDE. Ao final, a autora questiona se as pessoas, as empresas e os pequenos produtores terão capacidade de pagar pela energia elétrica que estará disponível, o chamado apagão econômico.
O terceiro destaque é o documento Histórico de Investimentos em Energia Elétrica 2010-2020, da EPE. Trata-se de um documento inédito e uma fonte de informações e análises valiosa para todos que estudam a trajetória dos investimentos em energia elétrica no Brasil. Com efeito, a publicação sistematiza as informações mais relevantes sobre o assunto na última década. Nesta primeira edição, são disponibilizados um E-book com as séries históricas de investimento, tanto de forma consolidada como por segmento; uma nota técnica contendo as referências, premissas e metodologias utilizadas, por segmento; e, uma planilha com abertura dos dados anuais de investimento. O trabalho considera os segmentos de distribuição, mini e microgeração distribuída, pesquisa, desenvolvimento & inovação, eficiência energética, transmissão, e geração de energia centralizada. Dentre as principais conclusões, destaca-se que no período foram investidos mais de R$740 bilhões em energia elétrica no Brasil, sendo que praticamente metade desse montante foi destinado ao segmento de geração centralizada, com quase 90% voltado para fontes renováveis. A parcela mais significativa dos investimentos em geração é referente à fonte hidrelétrica, mas a partir de 2013 os investimentos na fonte eólica passaram a ter relevância semelhante, até assumirem a liderança a partir de 2018. Outro apontamento relevante é que os investimentos anuais em Mini e Microgeração distribuída (MMGD) têm mais que dobrado nos últimos anos, com a fonte fotovoltaica tendo amplo predomínio nos investimentos desse segmento.
Por fim, o quarto destaque é O Estado Empreendedor deve liderar as mudanças climáticas (tradução livre), de Mariana Mazzucato (professora de economia University College London), publicado no Project Syndicate. A autora defende que a transição global para uma economia de emissões líquidas zero só acontecerá no ritmo necessário se os estados abandonarem a abordagem atual − baseada na crença de que as instituições financeiras privadas alocam capital da forma mais eficaz possível e que os estados devem limitar-se a “reduzir os riscos” dos investimentos verdes – e passarem a adotar um papel de formadores de mercado e investidores em bens públicos. Ao longo do artigo, ela descreve como deveria ser a abordagem de liderança do estado quanto ao financiamento climático, destacando quatro aspectos primordiais.