O AR6 Climate Change 2022: Mitigation of Climate Change é a terceira e última parte do Sexto Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU. Trata-se de um importantíssimo e profundo estudo que conta com a participação dos principais pesquisadores mundiais na área do clima e que dá continuidade aos ciclos do Assessment Report, que vêm sendo produzidos desde 1988. Os dois primeiros relatórios, já divulgados anteriormente pelo Panorama também como artigos especiais, trouxeram (1) o estado da arte do conhecimento sobre a ciência climática; e, (2) os impactos das mudanças climáticas sobre os ecossistemas, a biodiversidade e as comunidades humanas.
O atual documento, publicado em abril de 2022, avalia, por sua vez, as promessas de mitigação das mudanças climáticas, o progresso das ações que estão sendo tomadas e examina as fontes de emissões globais. Ele explica a evolução dos esforços de redução e mitigação de emissões, avaliando o impacto dos compromissos climáticos nacionais face às metas de emissões de longo prazo. As conclusões do relatório são bastante preocupantes, mas também indicam que as oportunidades para fazer a diferença são relevantes. Dentre as conclusões, alguns destaques são:
(i) Embora limitar o aquecimento global a 1,5°C esteja praticamente fora de alcance, ficar abaixo de 2°C é possível na prática.
(ii) As emissões mundiais podem ser cortadas pela metade do nível de 2019 até 2030 a custos acessíveis (US$ 100 tCO2eq). Estima-se que 50% deste potencial seja referente a opções com custo inferior a US$ 20 tCO2-eq, como energia solar e eólica, melhorias de eficiência energética e reduções de emissões de CH4.
(iii) O pico das emissões de GEE deverá ocorrer antes de 2025 para que se atinja o objetivo de limitar o aumento da temperatura a no máximo 2ºC. Sem um fortalecimento de políticas que vão além daquelas já implementadas até o final de 2020, as emissões de GEE devem aumentar além de 2025, levando a um aquecimento global médio de 3,2 [2,2 a 3,5] °C até 2100.
(iv) São necessárias mitigações das emissões de GEE rápidas e profundas e, na maioria dos caminhos modelados, reduções imediatas em todos os setores. Os setores de Energia e de Agricultura, Florestas e Uso do Solo trazem as maiores oportunidades globalmente. Indústria, Transporte e Edificações também são partes cruciais do processo. Revela-se que mudanças nos hábitos de consumo, incluindo mudanças na dieta, também são importantes.
(v) Desde o AR5, houve uma expansão consistente de políticas e leis que tratam da mitigação. E a maioria das medidas que os governos tomaram são eficazes.
(vi) Os pacotes de políticas são a melhor maneira de alcançar os resultados das emissões. Instrumentos econômicos se vinculam a políticas regulatórias e são complementados por políticas e investimentos tecnológicos.
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